Os “nossos valores” sequestrados

(José Goulão, in Strategic Culture Foundation, 29/03/2024)

No Ocidente os tão invocados “nossos valores partilhados” estão sequestrados, pelo que é fácil subvertê-los e usá-los perversamente como instrumentos para ludibriar e neutralizar o espírito crítico da grande maioria dos cidadãos.


Os nossos dirigentes, tanto os que têm envergadura imperial como os seus súbditos para quem a soberania nacional é coisa arcaica própria de mentes estagnadas, repetem sem descanso, martelando a cabeça dos cidadãos como no método tradicional de ensino da tabuada, que agimos em função dos “nossos valores partilhados”. Nós, o garboso Ocidente, senhores do planeta e dos espaços siderais por mandato divino e usucapião fundado em séculos de expansão e extorsão, assim administrando a “civilização”.

“Nossos valores partilhados” nas bocas dos fundamentalistas ocidentais é todo um programa de dominação, um conceito de ordem mundial assente num único poder centralizado com ambição a tornar-se global e incontestado. Se olharmos o mundo à nossa volta nestes dias assustadores, equipados com lucidez, independência de raciocínio e dose cada vez mais elevada de coragem, concluiremos que a aplicação desses “valores” – a palavra certa é imposição – funciona como um gigantesco exercício de manipulação que transforma princípios universais, humanos, inquestionáveis e comuns a muitas e diversificadas culturas num poder minoritário, de índole mafiosa e níveis de crueldade que vão da mentira institucionalizada à generalização da guerra, passando pelo roubo como forma de governo e de administração imperial/colonial. A este aparelho que pretende impor uma realidade paralela àquela em que vivemos chama-se “ordem internacional baseada em regras”, um catálogo de normas de comando voláteis, casuísticas, não escritas e a que todo o planeta deve obedecer cegamente, sem se interrogar nem defender.

“Ordem internacional baseada em regras” é o código imperial que veio soterrar o direito internacional e transformar as organizações mundiais que devem aplicá-lo em órgãos que rodopiam à mercê das “regras” de cada momento, manipulados, desvirtuados e instrumentalizados segundo as conveniências do funcionamento da realidade paralela.

Liberdade e democracia

Poucos princípios preenchem tanto as prédicas dos dirigentes mundiais e seus apêndices às escalas regional e nacional do que liberdade e democracia.

Uma liberdade para expandir globalmente, porém com uma definição muito específica e padrões limitados pelas “regras” da única ordem internacional permitida.

A liberdade prevalecente, e que condiciona todas as outras, acaba por ser a da propriedade privada e da inexistência de restrições ao funcionamento do mercado. Todas as restantes alavancas que devem fazer funcionar o mundo assentam neste princípio inquestionável que faz da justiça social uma aberração, transforma em servos a grande maioria dos seres humanos, converte as organizações internacionais e a generalidade dos governos nacionais em instrumentos dos casinos financeiros e das oligarquias económicas sem pátria, fronteiras ou limites comportamentais. Uma liberdade condicionada pela ditadura do lucro e a vassalagem ao dinheiro.

Este conceito dominante de liberdade, a liberdade de extorsão própria da realidade em que de facto vivemos, é desde há muitos séculos um alicerce da “civilização” ocidental – a única reconhecida para efeitos de relações internacionais. A ordem “baseada em regras” é extremamente exigente e vigilante em relação a esta mãe de todas as liberdades e, se necessário for, não hesita em recorrer à guerra para a restaurar lá onde estiver ameaçada.

Com a democracia acontece mais ou menos a mesma coisa. Só existe um único formato que permite instituir o “poder do povo”, mesmo que depois o povo em nada se identifique e beneficie com a interpretação da sua vontade que dela fazem os eleitos. É mais ou menos assim, segundo o padrão “representativo” determinado pelo Ocidente: de x em x anos criam-se festivais ditos políticos onde vigoram a violação tácita da igualdade de exposição de opiniões, a manipulação da informação e das chamadas “sondagens” e a divisão ostensiva e “institucionalizada” entre os partidos com “vocação para governar” e os outros; ensinados assim a “decidir”, as maiorias de eleitores escolhem em “liberdade” os seus preferidos, garantidamente aqueles aplicam a doutrina oficial “democrática”, nestes tempos o capitalismo na sua arbitrariedade plena, o neoliberalismo.

Exemplo desta democracia no seu grau máximo de evolução é a União Europeia: neste caso os cidadãos nem precisam de “escolher” os dirigentes máximos da organização, simplesmente nomeados para não haver erros nem desvios à doutrina governativa oficial e única; e supondo que os eleitores “escolhem” directamente o Parlamento Europeu, este tem poderes limitados para não perturbar o trabalho arbitrário dos não eleitos ao serviço dos seus patrões.

Quanto aos Estados Unidos, o paradigma democrático a que deve obedecer-se num mundo unipolar, a escolha imposta aos cidadãos limita-se a dois aparelhos mafiosos de poder que agem em formato de partido único. Sendo esta a democracia que funciona como farol, segundo as sentenças abalizadas dos mestres da opinião única, todas as outras devem seguir tendencialmente o mesmo caminho. Não é opção, é uma ordem “baseada em regras”: a lei do “excepcionalismo” de âmbito planetário gerido pela única nação “indispensável”. E dizem os comentadores autorizados que não existe imperialismo.

Daí que os praticantes da democracia ocidental, a única, tenham ainda como missão fiscalizar os exercícios democráticos dos outros através do mundo. Por isso a União Europeia, por exemplo, arroga-se o direito de “aceitar” ou não os referendos nos quais as populações do Donbass decidiram juntar-se à Rússia. O mesmo acontece em relação às recentes eleições presidenciais russas. O Ocidente declarou-as “falsas” mesmo antes de as realizarem, depois não quis inteirar-se da transparência e da afluência às urnas com que o processo decorreu; tudo isto para, no final, as declarar “fraudulentas”, “falsas”, próprias de um regime “autoritário”

Trata-se, afinal, de aplicar o princípio de reconhecer apenas as eleições e consultas populares que dão os resultados pretendidos pelo Ocidente e rejeitar todas as outras cujos eleitores decidiram de forma não tolerada pelos polícias da ordem internacional, como se tivessem violado as “regras”  -mesmo cumprido os mecanismos processuais das votações definidos como únicos. É à luz desse entendimento discriminatório que os Estados Unidos e os seus satélites não reconhecem resultados eleitorais na Venezuela, na Nicarágua, na Rússia, por exemplo, mas assinam por baixo a legitimidade de fraudes como nas Honduras, de golpes como no Brasil, Paraguai, Bolívia, Ucrânia, Paquistão (só alguns dos mais recentes) ou a designação como presidentes de indivíduos que nem sequer concorreram a eleições – o caso de Juan Guaidó na Venezuela,

A democracia ocidental é, como se prova, bastante elástica em casos que chegam a roçar o absurdo e muito restritiva no reconhecimento de actos eleitorais legítimos, porém menos convenientes para os interesses dos “excepcionalismo”. É uma questão de exercício do poder internacional que o Ocidente julga possuir à luz de “regras” casuísticas determinadas consoante os interesses de uma “civilização” que não envolve mais de 15 por cento da população mundial.

Recorrendo a exemplos recordados ao acaso, eis como a “democracia ocidental” é peculiar no próprio Ocidente. Robert Habeck, ministro da Economia da Alemanha, colosso cada vez mais reduzido a um tapete de Washington, garante que não lhe interessa a opinião do eleitorado, o essencial é que a Rússia seja derrotada pela Ucrânia. E Josep Borrell, o “ministro dos negócios estrangeiros” da União Europeia, que ninguém elegeu, determina que os cidadãos europeus “têm de pagar o preço” necessário para “derrotar a Rússia”. Ora aqui estão “regras” que corrigem a própria democracia padrão.

O mesmo Borrell, espanhol e também socialista, é claríssimo na interpretação dos “nossos valores partilhados”. Considera que na vida internacional há evidentemente “dois pesos e duas medidas”: os nossos, os “correctos”, e os dos outros, que têm comportamentos próprios da “barbárie.

Direitos humanos

Pedra de toque dos “nossos valores partilhados”, os direitos humanos traçam a grande fronteira entre o Ocidente “civilizado” e os outros – 85 por cento da população mundial.

Direitos humanos são, por sinal, valores que ilustram a preceito a tese de Borrell sobre dois pesos e duas medidas: nós sabemos o que são direitos humanos, os outros não.

Os principais acontecimentos da actualidade permitiram até refinar o conceito de direitos humanos a partir da clarificação entre seres humanos e entes sub-humanos – distinção baseada nas práticas de Volodimyr Zelensky, por sua vez inspirada nos conceitos purificadores de Stepan Bandera e seus pares, pais e heróis do regime ucraniano de Kiev, no seu tempo colaboradores dos nazis alemães em massacres de dezenas de milhares de seres humanos – talvez deva escrever-se sub-humanos.

As nações europeias dançam a música tocada por Zelensky segundo partitura das “regras” de Washington, para que os russos do Donbass e os russos em geral, sub-humanos por definição dos nazis que mandam em Kiev, sejam devidamente sacrificados tal como vinha a acontecer, metodicamente, como resultado de uma guerra iniciada há oito anos.

A “democracia ocidental”, apostando a própria vida dos cidadãos por ela regidos para que um regime nazi liquide sub-humanos, é um cenário apropriado para quem defende os direitos humanos acima de tudo? É o aval para a conversão do nazismo à democracia ou, antes de tudo, a demonstração de que a “democracia ocidental” segue na direcção do inferno do fascismo? O que nada tem de ilógico pois foi o fascismo que embalou no berço a ditadura neoliberal que dá forma ao regime financeiro-económico-político dominante em termos internacionais, exercido com ambições globalistas e totalitárias e que, em última instância, dita a “ordem internacional baseada em regras”.

Governantes, comentadores, analistas e outros formatadores da opinião única incomodam-se quando, a propósito da situação no Donbass, se recordam as atrocidades cometidas pelos Estados Unidos e a NATO, ou respectivos braços mais ou menos informais, nas guerras – algumas delas “humanitárias” – levadas até à Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Somália, Líbia, Síria, Iémen. Sem esquecer o caso exemplaríssimo do Kosovo, onde os Estados Unidos e a União Europeia praticaram uma secessão territorial sem qualquer consulta às populações envolvidas e entregaram o governo a terroristas fundamentalistas islâmicos especializados em múltiplos tráficos, todos eles rigorosamente respeitadores dos direitos humanos, como está comprovado.

E que autoridade têm os que condenam a anexação do Donbass, com o presidente norte-americano à cabeça, os mesmos que são cúmplices da anexação de quase toda a Palestina e territórios sírios por Israel, do Saara Ocidental por Marrocos, que esfacelaram o Iraque e a Líbia, que roubam ouro e milhões de milhões de dólares ao Afeganistão, à Rússia, à Venezuela, à Líbia, sem esquecer o petróleo da Síria?

Na sequência natural da definição dos padrões únicos e civilizacionais dos direitos humanos surgem outros direitos tão ou mais invocados como sagrados, por exemplo o de opinião, o de expressão, o respeito pela privacidade de cada um, a liberdade de informar e ser informado.

A situação actual é rica em exemplos de como a “democracia ocidental”, o mundo baseado “em regras” e a partilha dos “nossos valores” andam de mãos dadas com o cinismo, a hipocrisia, a mentira pura e simples e o desrespeito pelo ser humano (para já nem falar nos sub-humanos).

A pressão sobre as opiniões e a liberdade de pensar torna-se cada vez mais asfixiante, intolerante, adquirindo contornos inquisitoriais. Regra geral, a partir sobretudo da implantação do neoliberalismo durante os últimos 40 anos, as opiniões dissonantes da verdade única e tolerada foram desaparecendo da comunicação social, dos espaços de debate público, das instituições de ensino.

O que é silenciado não existe, o comum dos mortais habituou-se a viver com os conceitos que recebe de enxurrada, quase sem tempo para pensar. A individualidade, a faculdade de pensar fundiram-se e dissolveram-se no interior de um imenso rebanho de repetidores de verdades absolutas e incontestáveis que, não poucas vezes, agridem e alienam a sua condição de cidadãos livres e com direitos.

O processo não é estático – evolui no pior sentido, o da agressão de um direito essencial do ser humano, que é o de pensar pela própria cabeça e partilhar as reflexões e conhecimentos com os outros. Os acontecimentos acuais, designadamente a chacina israelita na Faixa de Gaza, a guerra na Ucrânia e o envolvimento profundo e cúmplice do Ocidente institucional no apoio ao regime de inspiração nazi de Kiev, transformou a estratégia de silenciamento das opiniões dissonantes numa perseguição de índole totalitária. Pensar de maneira diferente tornou-se um delito, uma colaboração com entidades maléficas, um atrevimento inaceitável e, por isso, submetido a difamações, ameaças de agressão e às mais rasteiras calúnias públicas. Enquanto a comunicação social se tornou refém da propaganda terrorista.

Nesta “civilização cristã e ocidental”, incapaz de cortar o cordão umbilical com o imperialismo e o colonialismo, sobrevivem reconhecidamente os resquícios inquisitoriais. Que se afirmam com veemência crescente ao ritmo de uma fascização que os horizontes não afastam.

Neste contexto, os “nossos valores partilhados” são cada vez mais instrumentos para criação de uma ficção que arrasta perversamente os seres humanos em direcções contrárias aos seus próprios interesses.

Trata-se de uma armadilha que é, ao mesmo tempo, um esforço desesperado para tentar impedir o fim da era do poder unipolar, que parece inevitável – mas pode ser travado por uma guerra de proporções e consequências catastróficas.

Os “valores partilhados” autodefinidos como um distintivo da pretensa superioridade humanista e civilizacional do Ocidente, e nos quais assenta a arrogância de pretender dar lições a outros povos, culturas e civilizações, são, afinal, universais; não têm donos, proprietários, muito menos polícias e esbirros. E as civilizações não estão hierarquizadas: classificá-las num qualquer ranking entre bondade e maldade, legitimidade e ilegitimidade, correcção e erro é um perigoso jogo de cariz xenófobo – o que parece incomodar cada vez menos os orgulhosos, prepotentes e fundamentalistas praticantes e adeptos da suposta superioridade ocidental,

De facto, no Ocidente esses tão invocados “nossos valores partilhados” estão sequestrados, pelo que é fácil subvertê-los e usá-los perversamente como instrumentos para ludibriar e neutralizar o espírito crítico da grande maioria dos cidadãos.

Fonte aqui.


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6 pensamentos sobre “Os “nossos valores” sequestrados

  1. «O que é silenciado não existe, o comum dos mortais habituou-se a viver com os conceitos que recebe de enxurrada, quase sem tempo para pensar».
    Mas que dizer, não do comum dos mortais, submetido ao ópio da imprensa corporativa, em particular das televisões, mas do silêncio, com respeito aos tempos que vão correndo e que José Goulão, mais uma vez com SABER, MESTRIA e CORAGEM, expõe, de muita da nossa intelectualidade, que se pretende esclarecida e progressista? Onde está a denúncia por parte dela de tais tempos, os respetivos manifestos de contestação por ela subscritos? No fundo, bem acomodada no sistema ou acobardada perante ele?

  2. A propriedade privada está acima de todos os demais valores ocidentais, quando está nas mãos “certas”. Se uma propriedade, que até pode ser pública (a alguns ainda lhes dá mais satisfação), estiver nas mãos “erradas”, “impuras”, “heréticas”, então o valor supremo do direito do seu proprietário sobre ela é esvaziado e a propriedade pode passar para as mãos “certas”, “escolhidas”, “ungidas” sem perturbações, problemas de consciência ou implicações legais/constitucionais. Isto está nas entrelinhas do texto (que chega a ser brilhante na decomposição da tal “ordem baseada em regras”, sobretudo na sua primeira parte), e é ilustrado com vários exemplos concretos de apropriação do alheio, mas vale a pena explicitar essa dualidade/dupla faceta do sacrossanto “direito de propriedade” (o “nosso” mas não o dos “outros”).
    Já agora:
    Ordem – qual? Como?
    Internacional – que nações?
    Baseada – que bases?
    Regras – quais/por quem?
    Também aqui o texto contém várias respostas, contexto e suscita problemas, decompondo para os leigos muita desta terminologia, do jargão politicamente correcto que agora impera e é papagueadao na política e na comunicação social, que compõem a novilíngua que se quer universal e totalitária, como se fosse muito sofisticada e avançada, mas que consiste de velhos truques retóricos e demagógicos, servindo para manipular e ocultar os significados linguísticos e subverter as raízes semânticas e etimológicas das várias línguas faladas pelos vários povos.

    • Para concluir, não deixa de haver todo um misticismo no conceito de propriedade privada, tanto é assim que em última análise quer o Estado quer a Banca (o grande capital) têm rendimentos regulares e por vezes intermináveis, obrigatoriamente, impõem impostos, tributos e rendas, muitas vezes absurdamente onerosos ou simplesmente absurdos (abusivos, imorais), e o risco de desapropriação é uma possibilidade constante. Como posso ser coagido a pagar por algo que já me pertence, se é a minha propriedade privada, sob pena de deixar de ser? E sendo que alguns são mais isentos do que outros (Imposto Municipal sobre Imóveis, que não se aplica à Igreja, etc). Albarda-se pois à vontade do freguês, desde que haja cashflow. Não há dinheiro, não há palhaços. O pior é quando sugam tudo ou, como agora está na moda, o cidadão não tem “literacia financeira”. Está condenado à ruína. Que era coisa que o Madoff e o João Rendeiro, ou o Oliveira e Costa, o Dias Loureiro entre muitos e muitas outras (Isabel dos Santos, Fátima Felgueiras, etc) tinham de sobra. A “literacia financeira”, o “know how”. Tudo gente fina, instruída e exemplar. Que não se perdia nada se fossem “financeiramente analfabetos”… a maioria até acaba desgraçado da vida, só vão escapando os mais “enquistados”, ou os “protegidos” pelos padrinhos no poder. Como aqueles senhores que formam “grupos económicos” que compram rádios e jornais e os deixam na penúria com dívidas a tudo e todos, salários em atraso e dívidas exorbitantes. Desses que têm aparecido muito nas notícias, mas como não são ciganos, industânicos ou de esquerda os “Alforriados” fazem que não vêem nem comentam. Até ao dia…

      • Até me esqueci do último moicano (antes fosse) mais financeiramente letrado deles todos, o Ricardo Salgado. Coitado, se calhar o Alzheimer também já me está a afectar as habilitações financeiramente literárias… as melhoras para ele.

  3. Claro, a sagrada propriedade privada tem dessas coisas. Também tem de estar nas maos certas.
    Foi o caso dos activos russos em bancos ocidentais de que já foi solenemente proclamado que “não são de ninguém” por isso podemos ficar com eles e da los a quem quisermos.
    Nomeadamente aos terroristas onde já enterramos muito dinheiro e que há dois dias lançaram 53 drones sobre a cidade fronteiriça de Rostov, felizmente todos abatidos. Claro que certamente se dirijiam a refinarias e outros activos estratégicos e não a matar o maior número possível de civis.
    E, claro, na frente doméstica impostos como o IMI são uma barbaridade. Agora pelo menos já não se pode penhorar a casa própria por dívidas de IMI do próprio imóvel mas pode se penhorar tudo o que o resto que o triste tem. Seja o carro de que precisa para ir para o trabalho seja o ordenado que não passe do nível de indigência.
    E eu até concordava que, quem tem casinhas de férias ou para alojamento local ou para alugar só no Verão pagasse IMI e com língua de palmo. Agora quem tem uma casinha para morar, que até é do banco, e se vê todos os meses de Maio a contas com quase mais um mês de “renda” vão ver se o mar dá choco.
    Como a ideia peregrina de nós quererem por a pagar carros velhos como se fossem novos. Isto de propriedade privada tem muito que se lhe diga.
    Até a nossa conta no banco paga todos os meses uma taxinha pelo favor que nos fazem de nos guardar o dinheiro.

  4. Nem a nossa força de trabalho está isenta de ser taxada, tirando-nos boa parte dos rendimentos, nem os calotes no sistema bancário e nos cofres do estado (com todos os tentáculos que os conectam) estão isentos de ser cobertos com o dinheiro que nos taxam (até a ir comprar papo-secos e hortaliças, que já foram taxados ao produtor, cada vez mais apertado, e ao distribuidor, directa ou indirectamente). E no fim ainda temos de andar de mão estendida à UE e a cobrir as falcatruas no Estado-Banca. Acreditando que na reforma, se sobrevivermos até lá, e por alguns anos, nos pagarão uma fortuna tão grande que a inflação não reduza a migalhas… Ahhh, a literacia financeira, sempre a albarda-los…

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